Saiba como a paternidade ativa traz benefícios para o pai e a família

Pesquisa da USP mostra que o papel ativo dos pais na criação dos filhos traz benefícios para a carreira do homem e para toda a família.
Paternidade ativa e os benefícios
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Pesquisa da USP mostra que a paternidade ativa com maior envolvimento do pai na criação dos filhos traz benefícios para a carreira do homem, para a criança e para a mãe.

A ideia do pai como uma figura de autoridade, responsável por sustentar a família e ocupado demais para participar do dia a dia dos filhos está cada vez ultrapassada. Nas últimas décadas, as famílias passaram por transformações profundas junto com as mudanças do mundo: as visões sobre maternidade estão se renovando, e os homens também tendem a deixar para trás o lugar do pai provedor para desempenhar um papel ativo no cuidado dos filhos.

Esse movimento está se tornando conhecido como paternidade ativa. Segundo um documento internacional divulgado pela Unicef, desenvolver a paternidade ativa significa manter uma relação entre pai e filho ou filha, que vá além do sustento financeiro. Isso quer dizer participar dos cuidados diários, educando e estimulando o desenvolvimento da criança, e promovendo um vínculo afetivo e emocional do pai com ela

Existem grandes desafios para os pais assumirem esse papel, já que isso envolve mudanças de mentalidade na sociedade como um todo. Entretanto, os benefícios dessa transformação também são muitos: pesquisas comprovam que o maior envolvimento dos pais é positivo para a criança, para o homem, e até mesmo para a sua carreira profissional e a de sua parceira. 

Os benefícios da paternidade ativa

Uma pesquisa realizada em 2017 na FEA USP (Faculdade de Administração da Universidade de São Paulo) evidenciou a mudança do papel do pai, de um provedor financeiro para alguém envolvido com os filhos desde o início da gestação. A psicóloga Cristiane Nogueira realizou uma pesquisa quantitativa com 113 pais, com o objetivo de compreender os impactos da paternidade em suas carreiras. O estudo resultou também em conclusões sobre os impactos nas vidas pessoais e relações conjugais. Veja a seguir: 

A influência da paternidade na carreira

Quando questionados sobre mudanças profissionais após se tornarem pais, os entrevistados relataram maior satisfação e realização profissional. Para 68% dos homens as aspirações de carreira mudaram após a paternidade, ou seja, há uma mudança na visão de sucesso no ambiente de trabalho. 

Isso pode estar relacionado ao fato de 71% dos entrevistados afirmarem que gostariam de ter mais tempo para exercer uma paternidade ativa e dedicar-se aos cuidados com os filhos. Ainda, mais da metade dos homens (56%)  acredita que o ambiente de trabalho não apresenta uma cultura aberta às discussões e políticas para integrar trabalho e necessidades familiares.

Portanto, os resultados da pesquisa destacam que a postura das lideranças e a cultura das empresas são pontos essenciais para a maior integração entre vida pessoal, familiar e profissional, tornando o ambiente de trabalho mais saudável e produtivo para os pais.

Veja também: A importância dos avós para o desenvolvimento emocional das crianças

Os benefícios para os filhos

Estudos internacionais que serviram como referência para a pesquisadora da USP  apontam que o maior envolvimento dos pais resulta também em benefícios para os filhos.

Entre os principais efeitos estão a maior autoestima e melhor desempenho escolar das crianças. Além disso, a paternidade ativa também está relacionada ao bem-estar psicológico da criança e, no caso de filhos meninos, eles têm maior probabilidade de se tornarem pais engajados no futuro. 

Leia também: 5 motivos porque ler juntos aproxima pais e filhos

As vantagens para o casal e para a mulher

A pesquisa feita na USP demonstrou que o envolvimento ativo dos pais na criação dos filhos também tem efeitos positivos para o relacionamento conjugal: a mulher se sente mais apoiada, favorecendo uma troca compartilhada e maior parceria entre o casal.

A paternidade ativa tem influência positiva também para a carreira da mãe, que pode investir tempo e energia em sua vida profissional porque não está sobrecarregada com as responsabilidades sobre os filhos.

Como incentivar a paternidade ativa?

Com tantos efeitos positivos do maior envolvimento dos pais, uma questão permanece: como é possível tornar esse cenário cada vez mais comum, já que ele propicia relações mais saudáveis e vantagens para toda a família? Um ponto de partida pode ser justamente as empresas, já que a vida profissional é ainda o principal obstáculo para a participação masculina na criação dos filhos. 

Notícias sobre a ampliação da licença paternidade no Brasil têm sido destaque para reflexões sobre esse tema. Segundo Cristiane, as empresas que se preocuparem com essas questões se tornarão mais atrativas no mercado. Oferecer licença paternidade estendida e maior flexibilidade de horários são importantes mudanças para atrair e reter talentos, sejam eles pais ou mães, garantindo assim maior integração na vida pessoal, familiar e profissional.

Cristiane de A. Nogueira é psicóloga e mãe da Rafaela e do Breno. Possui Especialização em Gestão de Pessoas e Mestrado em Administração de Empresas pela FEA USP. Hoje atua como gerente de RH e é professora de pós-graduação em Psicologia Organizacional.

7 comments
  1. Benefícios são o que não faltam para motivar os pais a consolidarem um vínculo maior com os filhos. Segundo pesquisas, cada vez mais se verifica uma tendência para que os pais se identifiquem como parte de um casal grávido a partir do início da gestação, querendo desempenhar um papel ativo através da participação com a mulher nos cursos de preparação para o parto e nas consultas pré-natais. Ainda que seja evidente que as mudanças no homem não são biológicas, os mesmos passam por imensas mudanças na paternidade, que o leva a desenvolver habilidades, amadurecimento, características físicas e emocionais que só a experiência de ser um pai ativo permite. Por isso, a relevância das empresas compreenderem que o papel do pai é tão importante quanto o da mãe, que ambos possuem uma responsabilidade conjunta dos cuidados do filho.

    1. Eu gostei muito desse assunto, paternidade, tenho 59, e o pai no passado, trabalhava muito para o sustento dos filhos, e quase, ou quase nada se envolvia no envolvimento com os filhos, eu passei por este período, mas tive um pai que brincava, em dias alternados, jogava bola, brincava junto com meus colegas, mas muitas vezes, queria ver ele, dando banho, levar para fazer xixi, fazer comida, bem capaz, hoje homens fazem muito isso, e acho lindo, muitas das coisas que vivi, tento passar, o que é bom, e o ruim, faço um batidão, e torno algo bom para com minha filha(33), idade, e hoje com o neto, brinco, muito.
      Parabéns por trazer esse texto lindo e vibrante e mexe muito com a gente

      1. Oie, Luís!

        Ficamos muito felizes em saber que gostou do texto, se identificou com o tema e tem acompanhado as mudanças na paternidade ao longo dos anos:D

  2. A oportunidade faz o monge ou o pai. Entrando tarde na paternidade, acabei encontrando vocês e poder partillhar da idéia exposta pelo esclarecimento da pesquisa. Como sou autônomo, sem trabalho fixo, espero entrar na estatística de pai ativo que veio a conseguir satisfação,sucesso não só profissional mas também na esfera mental e espiritual. Obrigado por me auxiliar nessa nova trilha.

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